Talvez eu não seja boa nesse negócio de amar porque, quando
eu pego o lápis, desejo logo que ele seja colorido. Sem essa de fazer um risco
e seguir o passo-a-passo para poder pintar. Só o contorno não tem graça... Eu
quero logo a intensidade para poder me jogar de cabeça. Quero cor.
Quero o rosa dos primeiros beijos. Porque se cora, é porque
importa. Primeiros beijos que importam tem cor.
Quero o verde para não lembrar do que já foi e
até para ter esperança de que vai ser pra sempre,de que vai
durar cinco, dez, quinze... dias, meses ou anos?
Quero o azul que trás a paz interior. Aquele que vem acompanhado
de tudo, menos do físico. Mãos dadas na praia, chocolate quente no meio da tarde e conchinha de madrugada.
Quero uma pitada do vermelho daquilo que é só físico. Daquele
fogo que arde, cheio de labaredas altas... e que machucam, justamente por serem
só isso.
Quero o branco dos amores à primeira vista, que se confirmam
reais. Eles trazem a pureza e a paz que o coração procura.
Quero até um pouco do cinza das paixões que acabam quando
deveriam começar. Que fazem o sentimento mudar como as chuvas de verão, de uma
hora para outra.
Quero ter meu próprio arco-íris, brilhando cada vez mais fora de mim do que dentro de mim.
A única cor que não quero é o preto-luto dos términos. Em um
mundo tão colorido, não consigo ficar estável na ausência de cor.