quinta-feira, 29 de novembro de 2007

“...e o Príncipe com um beijo despertou a Branca de Neve e eles viveram felizes para sempre.”


Nós, mulheres, estamos condicionadas a finais felizes. É algo que nos é ensinado desde cedo, quando na tentativa de fazer com que fiquemos quietas, nossas mães colocam aquele filme da Cinderela, da Branca de Neve ou da Bela Adormecida na tevê, e nós, menininhas ingênuas e princesas do nosso mundo cor de rosa ficamos encantadas. E é nesse momento, que começamos a nos iludir. “Porque o príncipe, ah, o príncipe VAI chegar num cavalo branco para me salvar!” e desejamos crescer e achar o homem com quem vamos compartilhar todos os momentos da nossa vidinha colorida, para que a gente case com ele com aquele vestido que já imaginamos detalhadamente e tenhamos dois filhinhos lindos, que serão só sorrisos e terão caras de anjo.
E nisso o tempo passa... e nós crescemos... e descobrimos que não é bem assim. Depois que o filme acabou, a Cinderela descobriu que o príncipe era um chato e que se preocupava muito mais com o reino do que com ela e a Bela Adormecida percebeu que preferia ter continuado com o seu sono profundo a ter que ouvir o ronco insuportável do maridão toda noite.
Eu sei que é triste, mas o príncipe perfeito e cheiroso nunca vai chegar. Se ele aparecer, vai vir com uns muitos centímetros a menos e muito mais reclamão do que havíamos imaginado. E ele vai perceber se você engordou uns quilos e vai olhar para aquela gostosa quando ela passar do lado dele na rua. Mas pior do que descobrir que o príncipe perfeito não vem, é descobrir que não somos as princesas que imaginávamos. Nós temos defeitos – muitos defeitos – e não temos consciência deles. Porque a gente querer discutir o relacionamento uma vez por semana é uma coisa normalíssima, todas as minhas amigas o fazem também! E pra que ele quer transar de luz acesa? Ele sabe que eu não gosto daquela gordurinha que aparece quando eu faço a posição do penico invertido que ele tanto gosta!
O que nós precisamos, acima de tudo, é de amor próprio. É saber que a vida não ficará melhor porque você achou um bofe que te ama e que topa fazer todo o Kama Sutra duas vezes por noite. Quando você se ama, tudo fluí naturalmente... e as coisas se encaixam e seguem para o que será melhor para nossa vida.
Nós NÃO precisamos de um homem para ser feliz! Tá, é bom ter alguém do seu lado que te complete, te faça bem e blábláblá... mas não podemos nos entregar para qualquer um na esperança de preencher essa carência, pois isso só fará mal a gente! Temos que procurar o príncipe que se encaixa na nossa história. Aquele que tenham defeitos que encaixam com os nossos e vice-versa. Porque se o príncipe não te encantar, você tem todo o direito e tirá-lo de sua história. Mas se ele não se encantar... você não pode ficar mal.

(Mesmo assim, eu adoro quando você chega de manhã com aquele sorriso lindo e diz, me deixando corada: "Bom dia, minha princesa!")

domingo, 25 de novembro de 2007

A noite caia, trazendo junto a sua doce escuridão a tão procurada compania. Ele chegou no lugar combinado, sentou e acendeu um cigarro. Começou a observar o ambiente.
Do outro lado do balcão havia um sujeito estranho, com colares, correntes, anéis e uma ridícula camisa vermelha brilhante. Oras, se já estava todo ornamentado, por que mais aquela camisa? No bar, um garçom engomadinho, que entre um atendimento e outro colocava-se a frente de um tabuleiro de xadrez esperando a próxima jogada de quem quisesse.
De resto, tudo parecia-lhe normal. Ridiculamente normal. Umas moças trocando olhares com uns rapazes, outras trocando olhares entre si e se provocando, uns bebendo, outros agarrando o primeiro desconhecido que visse para trocar confidências e ele.
Ele, que entre uma baforada e outra, tentava fazer círculos com a fumaça que soltava. Ele, que olhava constantemente para o telefone na mesa, brincava com o isqueiro.
Dez minutos.
Nunca dez minutos pareceram tão longos.
Entrou no bar uma loira. Cabelos compridos, ondulados, com um vestido preto longo o suficiente para que os músculos bem torneados de suas coxas aparecessem. Em seu decote, um colar que de acordo com o caminhar lhe roçava os seios. Seios impertinentes, rijos, que despertavam desejo em nosso companheiro. E admirando a bela mulher, ele esquece o seu propósito. Fita a boca rosada, que sorria ao ambiente simplesmente por ali estar. No minuto em que parou de olhá-la para acender outro cigarro, a perde de vista. Quando a reencontra, ela já está ao seu lado, de costas, como quem nada quer, olhando a quem passa. Ele nota as nádegas redondas, empinadas, que pareciam lhe pedir tapas e beijos e mordidas e carícias.
Ela dá uma volta, o vê. Sem dizer uma palavra, pega-lhe a mão e o conduz a um canto escuro, onde podiam ver a todos sem serem vistos.
Mãos, beijos, puxões, gemidos, entre mais beijos.
Fazem o que lhe convém.
Acabado, ela simplesmente se vira e vai embora, deixando na boca dele seu gosto.
E ele... bem, ele nem se lembra mais o que viera fazer ali.

sábado, 24 de novembro de 2007

Perdoando Deus, de Clarice Lispector

Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade.
Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe do que existe. Soube também que se tudo isso "fosse mesmo" o que eu sentia - e não possivelmente um equívoco de sentimento - que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo. Ser-Lhe-ia aceitável a intimidade com que eu fazia carinho. O sentimento era novo para mim, mas muito certo, e não ocorrera antes apenas porque não tinha podido ser. Sei que se ama ao que é Deus. Com amor grave, amor solene, respeito, medo e reverência. Mas nunca tinham me falado de carinho maternal por Ele. E assim como meu carinho por um filho não o reduz, até o alarga, assim ser mãe do mundo era o meu amor apenas livre.
E foi quando quase pisei num enorme rato morto. Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava-me toda em pânico, e controlava como podia o meu mais profundo grito. Quase correndo de medo, cega entre as pessoas, terminei no outro quarteirão encostada a um poste, cerrando violentamente os olhos, que não queriam mais ver. Mas a imagem colava-se às pálpebras: um grande rato ruivo, de cauda enorme, com os pés esmagados, e morto, quieto, ruivo. O meu medo desmesurado de ratos.
Toda trêmula, consegui continuar a viver. Toda perplexa continuei a andar, com a boca infantilizada pela surpresa. Tentei cortar a conexão entre os dois fatos: o que eu sentira minutos antes e o rato. Mas era inútil. Pelo menos a contigüidade ligava-os. Os dois fatos tinham ilogicamente um nexo. Espantava-me que um rato tivesse sido o meu contraponto. E a revolta de súbito me tomou: então não podia eu me entregar desprevenida ao amor? De que estava Deus querendo me lembrar? Não sou pessoa que precise ser lembrada de que dentro de tudo há o sangue. Não só não esqueço o sangue de dentro como eu o admiro e o quero, sou demais o sangue para esquecer o sangue, e para mim a palavra espiritual não tem sentido, e nem a palavra terrena tem sentido. Não era preciso ter jogado na minha cara tão nua um rato. Não naquele instante. Bem poderia ter sido levado em conta o pavor que desde pequena me alucina e persegue, os ratos já riram de mim, no passado do mundo os ratos já me devoraram com pressa e raiva. Então era assim?, eu andando pelo mundo sem pedir nada, sem precisar de nada, amando de puro amor inocente, e Deus a me mostrar o seu rato? A grosseria de Deus me feria e insultava-me. Deus era bruto. Andando com o coração fechado, minha decepção era tão inconsolável como só em criança fui decepcionada. Continuei andando, procurava esquecer. Mas só me ocorria a vingança. Mas que vingança poderia eu contra um Deus Todo-Poderoso, contra um Deus que até com um rato esmagado poderia me esmagar? Minha vulnerabilidade de criatura só. Na minha vontade de vingança nem ao menos eu podia encará-Lo, pois eu não sabia onde é que Ele mais estava, qual seria a coisa onde Ele mais estava e que eu, olhando com raiva essa coisa, eu O visse? no rato? naquela janela? nas pedras do chão? Em mim é que Ele não estava mais. Em mim é que eu não O via mais.
Então a vingança dos fracos me ocorreu: ah, é assim? pois então não guardarei segredo, e vou contar. Sei que é ignóbil ter entrado na intimidade de Alguém, e depois contar os segredos, mas vou contar - não conte, só por carinho não conte, guarde para você mesma as vergonhas Dele - mas vou contar, sim, vou espalhar isso que me aconteceu, dessa vez não vai ficar por isso mesmo, vou contar o que Ele fez, vou estragar a Sua reputação.
... mas quem sabe, foi porque o mundo também é rato, e eu tinha pensado que já estava pronta para o rato também. Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. É porque só poderei ser mãe das coisas quando puder pegar um rato na mão. Sei que nunca poderei pegar num rato sem morrer de minha pior morte. Então, pois, que eu use o magnificat que entoa às cegas sobre o que não se sabe nem vê. E que eu use o formalismo que me afasta. Porque o formalismo não tem ferido a minha simplicidade, e sim o meu orgulho, pois é pelo orgulho de ter nascido que me sinto tão íntima do mundo, mas este mundo que eu ainda extraí de mim de um grito mudo. Porque o rato existe tanto quanto eu, e talvez nem eu nem o rato sejamos para ser vistos por nós mesmos, a distância nos iguala. Talvez eu tenha que aceitar antes de mais nada esta minha natureza que quer a morte de um rato. Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Não importa se é conversa...
brisa...
pensamento...
sonho...
vontades...
desejos...
fantasias...
sempre começam e terminam com você.

E isso é uma merda. Não há melhor termo para definir.
Eu não preciso de você e nem de qualquer outro que me veja como um passatempo. A única coisa da qual preciso é de um abraço de alguém querido, que me chame de linda e fique rindo enquanto nos beijamos e falamos sobre as nossas teorias malucas...
Você é só um step. Aquela pessoa a qual recorro quando preciso disso... e como não tenho, te uso para tentar ficar completa. Mas não fico. E isso tudo torna-se uma bola de neve, com direito a choradeiras, fossas, comilanças e tudo aquilo que só faz mal a mim... e nem sequer te atinge.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Aqui jaz um sentimento.

Durou o tempo suficiente para que marcasse. Nasceu de forma singela e foi aproveitado enquanto foi retribuído, embora tenha continuado vivo quando deixou de ser recíproco. Marcou não só a vida de quem o viveu, mas também de quem presenciou tudo.
Ele tinha um jeito bobo de não querer ver os defeitos do amado. Acatava como lei algo que lhe foi dito e fazia rir sempre que encontrava com aqueles olhos de esperança.
Existiu. Viveu, foi cultivado de grão em grão, cresceu, quase multiplicou-se, mas chegou ao fim. Um fim natural, como a validade preestabelecida a todos nós. Fez rir, fez chorar, fez pensar, sentiu saudades, sentiu raiva, decepção, mas acima de tudo, despertou amor.
As saudades que deixará são hoje as lembranças daquela música, daquelas fotos, daqueles filmes, daquela vida... mas nada além disso. Porque se acabou, não há motivo para ser revivido.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Eu tenho não é medo de ir... e sim de não voltar mais.

Porque perdida eu já estou. Agora é só uma decisão de entrega ou não. Uma entrega parcial, fracionada ou total, mas mesmo assim uma entrega, que ambos sabemos que pode - ou não - acabar bem. Meu medo não é que acabe. O fim é uma conseqüência do tempo e eu estou disposta a enfrentá-lo mais uma, duas ou dez vezes. Meu medo é gostar demais e cair no abismo. Aquele que você conhece, já me fez cair e do qual eu ainda me recupero, meio sem fôlego.

A decisão não cabe a você ou a qualquer outra pessoa que não seja eu... Então dê-me o meu tempo. Porque pensar e filosofar é algo que eu adoro fazer... e você bem sabe disso.

domingo, 11 de novembro de 2007

Autopsicografia, de Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as dores que ele teve,
Mas só a que ele não tem

E assim, nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda,
Que se chama coração

~
Porque fazer com que se tornem palavras o que a gente sente é difícil... e já que fazer com que os outros sintam o mesmo é impossível, o que podemos é tentar fazê-los entender... o que pode ser mais difícil ainda.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Ele disse:
- Meu amor...
Ela entendeu:
Ele tá querendo alguma coisa...
Ele continuou:
- ...te amo!
E ela:
É... ta querendo a bundinha!

Me incomoda como o ‘te amo’ tornou-se vulgar hoje em dia. Todo mundo ama todo mundo, todo mundo faz juras de amor eterno a todos e esquecem o poder e o significado dessas simples palavrinhas.
É ridículo o número de pessoas que falam mal até do passarinho de estimação de alguém que não suporta e no dia seguinte estão dizendo que amam, que querem bem e que dariam a vida pela fulaninha e pelo passarinho. Isso me cansa. Eu sempre fui adepta do "eu te amo", mas o "te amo" que vêm com o tempo. Aquele que foi trazido pela convivência, por você conhecer algumas das qualidades e dos defeitos da pessoa e não se incomodar (muito) com isso, por saber que a pessoa realmente faz falta quando você não a vê e que seus olhos e lábios riem só de vê-la chegando. É muito mais digno ficar muda quando alguém que você conheceu antes de ontem diz que te ama do que dizer que também o sente, só da boca para fora.
Outra coisa que me tira do sério são aqueles casaizinhos sem NENHUMA história, que fazem juras de amor eterno no primeiro mês juntos. Tirando a possibilidade de você ter uma idade avançada, casar com a pessoa de cara e achar que vai ficar para a pessoa com o resto da vida, é difícil que você fique com essa pessoa para sempre. Desculpe se desiludi alguém, mas a vida é assim. Você não vai morrer junto com o cara só porque ele foi seu primeiro namorado ou sua primeira transa, então desencane de falar que ele será o grande amor da sua vida ou qualquer coisa assim. Diga que gosta, no máximo. Deixe as juras beeem para frente, quando vocês já se conhecerem o suficiente para saber que se aturam.
Amar é uma coisa súblime. É dedicar-se com a alma. Quando você ama, não importa o tempo que passe, sempre haverá um vestígio disso em seu coração... e o carinho, a admiração e o amor que você um dia sentiu pela pessoa, poderá ser menor, mas ainda estará presente. Não cabe ficar dizendo para qualquer um. Se quer dizer que ama alguém, diga a seus pais ou a seus irmãos todos os dias. Ou quem sabe àquele amiguíssimo que já enfrentou ao seu lado poucas e boas e com quase toda certeza estará ao seu lado nas próximas pindaíbas. Deixe-os conciente do seu amor. Mas para o filho do vizinho da amiga da sua vó que você começou a pegar ontem, meu querido... não o diga.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O Amor Bate na Aorta, de Carlos Drummond de Andrade

Cantiga de amor sem eira,
nem beira,
vira o mundo de cabeça
para baixo,
suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,
é o amor.

Meu bem, não chores,
hoje tem filme de Carlito.

O amor bate na porta
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.

Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.

Amor é bicho instruído.

Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que corre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender...

~
É prova que marcou uma sexta série.
E que continua marcando até hoje... :)

domingo, 4 de novembro de 2007

Sempre achei que para uma pessoa aprender, ela deveria passar pela experiência. É muito fácil alguém que já vivenciou aquilo dizer o que pensa, aconselhar, falar para não fazer. Mas o humano, como um ser racional (?), prefere não ouvir e se ferrar um pouco. E é nesse se ferrar um pouco que ele pára para pensar na vida e reflete sobre o que lhe foi dito e que realmente aprende, com todas as letras – na maioria das vezes, maiúsculas.


Qualquer tipo de aprendizado é válido. Pode ser que este te transforme numa pessoa rancorosa ou amabilíssima, mas pode ser também que ele te deixe com medo de tudo e de todos. O que importa em todo esse processo é você lembrar que você não está sozinho – por mais que muitas vezes pareça – e qualquer que seja a sua decisão, afetará outras pessoas. Lembrar do próximo é necessário, pois o que pode não ser nada para mim, acaba com o mundo do outro... e sofrer pela escolha de outra pessoa é uma das piores dores que existe.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Bilhete, de Mario Quintana

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...


~
Se tu me amas, gritas aos quatro ventos
Enuncie o que sentes a qualquer viajante
Faça-os lembrar a todo instante
que a melhor parte de do ir,
é ter alguém que te espere quando voltar.
E digas que me quer bem ao amanhecer
e me enalteça sempres que lembrar.
Porque a vida pode ser breve... mas as lembranças são eternas.


...porque o meu bilhete diz muito mais.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

5 - 3 - 3


Salve, salve, Tricolores, tricampeões mundiais e PEEEEENTAcampeões brasileiros!

Não, eu não pretendo ficar me gabando pelo por ser torcedora do ÚNICO time pentacampeão brasileiro, muito menos por ter como capitão o MELHOR goleiro do mundo, único jogador que atua em nosso país a ser indicado ao “Bola de Ouro” desse ano.

Eu quero falar da honra e do orgulho que nós, são-paulinos, sentimos.

Ser são-paulina é ter certeza de que, ganhando ou não, qualquer jogo será jogado com raça e com amor a camisa.
Ser são-paulino é saber que todo jogador que atua em nosso amado Tricolor, sente orgulho disso.
Ser são-paulino é ter como segunda casa o Morumbi. É saber que ao contrário de qualquer timinho de várzea, nos temos um estádio, que ele é honrado e que ao entrarmos nele em qualquer atuação do nosso amado time, nós fazemos parte de uma família.

Ser tricolor é saber perder, mas é muito mais saber ganhar. É ter certeza que os campeonatos não possuem muita graça, pois sempre o melhor prevalece. E o melhor hoje é penta, grito com todo o ar contido no peito desde o começo difícil desse brasileiro, a qualquer galinha, porco ou peixe que lerem isso.

Desculpe aos que não estão acostumados e me ver falando palavrão... mas
É PEEEEEEEEEEEEEEEEEEEENTA, POOOORRA! =)



Eu sei que meu amado SPFC deveria ter um post mais digno, mas a felicidadeé tanta que somem as palavras...