domingo, 26 de agosto de 2012

Querer e Poder

Cansei. De verdade.
Tô cansada de fazer o que eu posso, mas de mais ainda não fazer o que eu quero. Porque querer e poder são coisas completamente diferentes - e isso cada dia fica mais claro.

Eu queria não me envolver. Queria manter tudo na superficialidade. Mas quando a gente menos espera, está lá, respondendo a mensagem de "bom dia" do ser. Logo eu, que odeio mensagens de "bom dia". Dia bom não começa com mensagens. Ele começa ao lado da pessoa que se gosta, com um beijo meio boca, por causa do mal hálito matinal. Com sexozinho calmo, para dar a inspiração necessária para sair da cama. Ou para mudar de lado e tirar uma sonega sobre aquele ombro largo que tanto te atrai. 
O dia fica melhor quando, do nada, você recebe dele um link de uma crônica bacana. 
"Lê aí, é sensível como você.".
Não sou sensível. Sou sentimental. É diferente.
Tenho todos os sentimentos e gosto de usá-los. Ainda mais de direcioná-los para uma pessoa. Melhor ainda quando a pessoa me acompanha no sentimento... Porque sou afetada pelo externo e fico sensível.
É. Sou sensível. Fico sensível a você.
A marca de fogo que o seu dedo desenha na minha barriga e aos pecados que a sua barba faz nas minhas costas. Costas largas, justamente porque pede barba. Pede beijo. Pede você deitado sobre ela. Pede eu me contorcendo.
O dia também pode melhorar quando uma banda nova é descoberta. 
"Se você gosta de instrumental, ouve essa.".
O problema não é ouvir. O problema é ouvir e gostar. Lembrar de você cada vez que aquele acorde acontecer. Tocar a mesma música do seu lado dez vezes, só para fazê-la nossa. E na segunda feira, ouvi-la mais dez vezes - esperando o seu "bom dia", aquele mesmo que eu odeio.

Eu posso te pedir para parar. E vir com aquela conversinha mole de "estou-adorando-nosso-não-comprometimento". Mentira. Eu me sinto comprometida, de um jeito meio estranho. 
Me sinto comprometida com os seus "bons dias", que fazem o dia começar.
Me sinto comprometida com os domingos, que são nossos. E com você no meu colo, beijando a minha mão, enquanto te faço cafuné e vemos um programa idiota na tevê.
Me sinto comprometida com o seu perfume e com o nosso não-encaixe.
Me sinto comprometida com as nossas sacanagens. E com as marcas na pele, que são outras formas de dizer seu nome. São minhas tatuagens provisórias de você, que precisam ser renovadas constantemente.
Mas o que eu gosto mesmo é da minha liberdade ao seu lado. E, graças a ela, mesmo não querendo, eu me envolvi. E foi o que eu precisava: me envolver, para saber o que eu queria.
E o que eu quero é ficar perto de você.