sexta-feira, 14 de setembro de 2012

- Por que você não me dá a sua mão?

(Porque eu tenho medo da entrega. Tenho medo de assumir para o mundo que eu o aceito, assim, como és, com todos os seus defeitos e perfeições que tanto me encantam. Porque uma vez que eu o assumir, não terei mais escolha: vou te dar além da minha palma, o meu coração. Quando me conduzires pela mão, estarei sendo levada, na verdade, pelo meu coração. Não serão necessárias palavras ou explicações – só precisarei de um gesto seu, que me fará ir contigo. Me fará ficar do seu lado. Me despertará a necessidade de te fazer feliz a qualquer custo. E apesar de eu viver nessa batalha constante para não me apaixonar por você, eu não estou pronta para isso.) 

- Tá muito cedo para andarmos de mãos dadas...

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Having a Coke with You, de Frank O’Hara


Having a Coke with You

is even more fun than going to San Sebastian, Irún, Hendaye, Biarritz, Bayonne
or being sick to my stomach on the Travesera de Gracia in Barcelona
partly because in your orange shirt you look like a better happier St. Sebastian
partly because of my love for you, partly because of your love for yoghurt
partly because of the fluorescent orange tulips around the birches
partly because of the secrecy our smiles take on before people and statuary
it is hard to believe when I’m with you that there can be anything as still
as solemn as unpleasantly definitive as statuary when right in front of it
in the warm New York 4 o’clock light we are drifting back and forth
between each other like a tree breathing through its spectacles

and the portrait show seems to have no faces in it at all, just paint
you suddenly wonder why in the world anyone ever did them

I look
at you and I would rather look at you than all the portraits in the world
except possibly for the Polish Rider occasionally and anyway it’s in the Frick
which thank heavens you haven’t gone to yet so we can go together the first time
and the fact that you move so beautifully more or less takes care of Futurism
just as at home I never think of the Nude Descending a Staircase or
at a rehearsal a single drawing of Leonardo or Michelangelo that used to wow me
and what good does all the research of the Impressionists do them
when they never got the right person to stand near the tree when the sun sank
or for that matter Marino Marini when he didn’t pick the rider as carefully
as the horse

it seems they were all cheated of some marvelous experience
which is not going to go wasted on me which is why I am telling you about it

domingo, 26 de agosto de 2012

Querer e Poder

Cansei. De verdade.
Tô cansada de fazer o que eu posso, mas de mais ainda não fazer o que eu quero. Porque querer e poder são coisas completamente diferentes - e isso cada dia fica mais claro.

Eu queria não me envolver. Queria manter tudo na superficialidade. Mas quando a gente menos espera, está lá, respondendo a mensagem de "bom dia" do ser. Logo eu, que odeio mensagens de "bom dia". Dia bom não começa com mensagens. Ele começa ao lado da pessoa que se gosta, com um beijo meio boca, por causa do mal hálito matinal. Com sexozinho calmo, para dar a inspiração necessária para sair da cama. Ou para mudar de lado e tirar uma sonega sobre aquele ombro largo que tanto te atrai. 
O dia fica melhor quando, do nada, você recebe dele um link de uma crônica bacana. 
"Lê aí, é sensível como você.".
Não sou sensível. Sou sentimental. É diferente.
Tenho todos os sentimentos e gosto de usá-los. Ainda mais de direcioná-los para uma pessoa. Melhor ainda quando a pessoa me acompanha no sentimento... Porque sou afetada pelo externo e fico sensível.
É. Sou sensível. Fico sensível a você.
A marca de fogo que o seu dedo desenha na minha barriga e aos pecados que a sua barba faz nas minhas costas. Costas largas, justamente porque pede barba. Pede beijo. Pede você deitado sobre ela. Pede eu me contorcendo.
O dia também pode melhorar quando uma banda nova é descoberta. 
"Se você gosta de instrumental, ouve essa.".
O problema não é ouvir. O problema é ouvir e gostar. Lembrar de você cada vez que aquele acorde acontecer. Tocar a mesma música do seu lado dez vezes, só para fazê-la nossa. E na segunda feira, ouvi-la mais dez vezes - esperando o seu "bom dia", aquele mesmo que eu odeio.

Eu posso te pedir para parar. E vir com aquela conversinha mole de "estou-adorando-nosso-não-comprometimento". Mentira. Eu me sinto comprometida, de um jeito meio estranho. 
Me sinto comprometida com os seus "bons dias", que fazem o dia começar.
Me sinto comprometida com os domingos, que são nossos. E com você no meu colo, beijando a minha mão, enquanto te faço cafuné e vemos um programa idiota na tevê.
Me sinto comprometida com o seu perfume e com o nosso não-encaixe.
Me sinto comprometida com as nossas sacanagens. E com as marcas na pele, que são outras formas de dizer seu nome. São minhas tatuagens provisórias de você, que precisam ser renovadas constantemente.
Mas o que eu gosto mesmo é da minha liberdade ao seu lado. E, graças a ela, mesmo não querendo, eu me envolvi. E foi o que eu precisava: me envolver, para saber o que eu queria.
E o que eu quero é ficar perto de você.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

E naquele sábado a noite regado a Hepburn, o celular toca. Mensagem.

Mensagem dele.

Aquele cara por que um dia foi tudo. Por quem eu daria a ponta do dedo mindinho e todos os dentes da boca. Aquele que foi o mais intenso, mais louco, mais insano... o mais surreal.
Encaro o celular, não acreditando que todo esse tempo depois, ele resolveu me mandar uma mensagem.
Após uns segundos pedindo para a mensagem desaparecer do telefone, a curiosidade vence.

“Saudades”

Saudades do que, porra? Todo esse tempo depois você tem ‘saudades’? E por que raios eu tô aqui, com as mãos tremendo, só por causa de uma mensagem desse babaca?

“Que bom para você!”

O celular começa a tocar.
É ele.
Deixo tocar até cair na caixa postal. Sou forte, não sou?
Não.
Tão logo o celular começou a vibrar novamente, eu atendi.
“Oi...”
Frio na espinha. Tinha esquecido como a voz dele é macia.
E falamos. Falamos sobre a vida e suas as amenidades, sobre o trabalho, os planos para o futuro, sobre minha mudança, cafés, livros, teorias malucas...
“Eu sinto saudades do seu sorriso.”
É, eu também sinto saudades de quando sorria sem motivo do seu lado.

“Foi bom falar com você, meu amor.”
O coração para por alguns instantes.
Meu amor. Seu amor. Ser sua. Como já fui. Como sou?

“Foi bom, sim. A gente deveria fazer isso mais vezes...”

Beijo, outro, tchau, meu amor.
Até o nosso futuro juntos. De novo.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Reencontro

Hoje eu encontrei com alguém de quem fugia há algum tempo. Não tinha forças para encará-la, mas o acaso fez com que nos encontrássemos.

Lá estava ela, irradiando luz própria, sem maquiagem, sem salto, sem vestido, sem disfarces, enquanto eu usava de todos esses artifícios para me sentir um pouco aceitável. Tentei fugir, no entanto, não consegui. Fiquei presa em seus olhos, que, cheios de certezas, me faziam ter vergonha de ser quem eu estava sendo. Parecia impossível ficar frente a frente com alguém tão oposta a mim, mas me forcei ao diálogo.

Conforme conversávamos, percebi que embora eu não a procurasse, não havíamos nos perdido completamente. Nós nos completávamos. Se ela tinha gana para encarar seus problemas de frente, em mim faltava coragem. Se ela sabia o que queria, eu não fazia ideia de como seria o amanhã. Se nela o riso era fácil, em mim o choro aflorava. Se nela o amor próprio derramava, em mim ele sequer existia. 

Embora eu não entendesse porque ela sorria tanto, aos poucos, fui seduzida pelos seus risos. Lembrei do tempo em que nossa felicidade era compartilhada e, durante uma de suas gargalhadas, eu quis de volta tudo aquilo que tinha. Eu entendi que não devia ficar longe dela mais um dia sequer. Entre lágrimas, pedi para ela não me deixar. Então, o espelho me encarou, e ela docemente disse que não me deixaria mais ser a sombra de quem eu verdadeiramente sou.

Eu andava perdida, mas hoje eu transbordei de amor. Hoje eu me reencontrei.

sábado, 21 de abril de 2012

Minha menina,

Quando vejo a mulher que você se tornou, me encho de orgulho. Te vejo forte, determinada, ambiciosa, cheia de sonhos e com aquele brilho nos olhos de quem tem planos perfeitos para fazê-los virarem realidade. Você parece uma guerreira com seus olhares certeiros, respostas inteligentes e uma armadura belamente lapidada. Parece pronta para enfrentar o mundo.
Acontece que quando chega a noite, eu percebo que ainda você não cresceu. Ao vê-la abraçando sua centopeia na hora de dormir, te vejo com cinco anos. Vejo que o tempo pode ter passado e que você pode ter amadurecido perante o mundo, mas ainda é aquela pequena que tem medo de raios e trovões e que reza toda noite pedindo pelo seu príncipe nem tão encantado.
Eu entendo que você esteja passando por um momento de transição e que já não aceita mais as limitações que eu lhe imponho, mas tudo isso é para o seu bem. Não quero que você se machuque. Não desejo ver suas lágrimas rolarem uma vez mais. Tudo o que eu mais desejo é a sua felicidade, mesmo que de vez em quando não pareça.
Por isso, princesa, não lute contra quem você é. Aceite-se. Não é porque o mundo diz que você não pode ser como é que você deva mudar. Ir contra o que acredita para tentar um novo resultado não será positivo e, acredite, não trará aquilo que você deseja. Só trará as tão conhecidas lágrimas, que você tanto deseja evitar.
Ouça: ser guiada pelo seu coração não é um problema. Ser fofa e carinhosa, também não. O problema é você se fantasiar daquilo que não é, fazendo coisas que não te apetecem, para tentar ser aceita, querida... amada. Toda resposta que você conseguirá dessa forma não te fará feliz, pelo simples fato de você não estar feliz agindo assim.
Então, liberte-se. Mude, mas mude aos poucos e ouça-me durante esse processo de mudança. Procure alterar suas atitudes, mas não sua essência, sempre tão verdadeira e bela neste quesito.

Você é preciosa, Patrícia. Lembre-se nisso.

Seu sempre,
Supergo

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Intensidade

(Em 04 de Fevereiro de 2009)

Dia 04 de Fevereiro sempre teve importância para mim. Agora tem mais. Porque além do aniversário da minha mãe, é o seu. O seu dia, amado.
[...]

Tudo ao meu alcance parece tão pouco se comparado ao que você merece! Essa minha pequenez me incomoda por não permitir que eu te traga coisas palpáveis! Ela só me deixa te desejar aquilo que, acredito eu, nunca irá faltar... 

Que o Sol todas as manhãs ilumine o seu caminho e que seus raios, ao te tocarem, te façam sentir o quanto você é querido; 

Que a Lua minguante continue rindo e trazendo boas recordações a ti; 

Que a chuva caia sempre que você precisar sentir com a alma e quando eu estiver por perto, para que eu possa te encher de beijos!; 
Que as estrelas te guiem e te façam companhia sempre que se sentir sozinho; 

Que a grama massageie os seus pés e revigore as suas energias; 

Que você tenha garra para fazer todos os seus sonhos virarem realidade; 

Que seu coração esteja sempre cheio de coisas boas. De risos da Maria Clara, de lembranças e fatos inesquecíveis, de bons momentos e amor; 

Que sua luz continue imensa e a sua voz, doce e macia; 

Que seus olhos continuem trazendo calma e serenidade a quem precisa e desejos a mim; 

Que você encante e seja encantado. E que encontre pessoas que mudem a sua vida só por fazerem parte dela... e que você possa chamá-los de amigos; 

Que você dê muitas gargalhadas com a alma e que de vez em quando ria até chorar; 

Que as lágrimas apareçam de vez em quando, mas só para que você possa saber que existem pessoas que te querem bem. E que estas, ao te verem triste, possam fazer tudo ficar brilhante e colorido novamente, segurando a sua mão e te guiando pelo escuro enquanto você não vê - e que eu seja uma dessas pessoas;

Que se apaixone todos os dias pela vida; 

Que você descubra algo novo todos os dias e que todas as noites, quando deitar, tenha a certeza de que o dia valeu a pena; 

Que você tenha toda a felicidade do mundo e um dia ou outro (bem poucos) meio nublados, para que você possa dar valor a essa felicidade; 

Que você ame. E que amando, também seja amado, em igual ou maior proporção; 

E, finalmente, que o meu sorriso possa ser reflexo do seu.
Que eu possa sentir seu abraço me acolhendo e seus beijos me fazendo mulher.
Que eu tenha o seu toque sobre a minha pele e suas mãos em mim.
Que eu possa sentir seu gosto, sua pele e seu cheiro... e que possa decorá-los, para tê-los incrustados a mim. Que sua voz continue sendo a melhor melodia que eu escuto.
Que eu possa dormir e acordar com a sua imagem em minha mente quando você não estiver presente, mas, que na sua presença, eu possa acordar em seus braços e ficar te admirando enquanto, dormindo, você se mantem anjo.
Que você continue tendo presença constante nos meus sonhos.
Que eu te roube muitos sorrisos, sussuros e gemidos, e que consiga te deixar sem fala por bons motivos.
Que meu perfume fique preso a sua roupa e minhas mordidas em seu corpo.
Que você continue me ensinando e me fazendo perder a vergonha de demonstrações públicas de afeto.
Que você me proteja dos trovões.
Que você se vicie em mim e que sinta sempre a minha falta.
Que eu possa ter o privilégio te passar muitos dias e muitos momentos ao seu lado.
Que eu possa te conhecer e te desvendar por inteiro, saber do seu passado, do seu presente e fazer parte do seu futuro. E que você continue aqui, dentro de mim, me fazendo perdida na sua ausência e preenchendo meu coração... já tão seu. 
Porque você, querendo ou não, tomou posse dele. E por ele ser seu, por mais que tente, não consigo me afastar. Seu domínio sobre ele faz cada minuto com você - ou mesmo falando com você - sejam os momentos mais deliciosos e esperados dos meus dias. Cada letrinha que te mando - por mensagem, email, torpedo ou sinal de fumaça - é um pedacinho desse coração que só acha sentido em você. 

domingo, 1 de janeiro de 2012

23 + 1


E pela primeira vez em anos, ao analisar minha ex-idade, eu não senti nenhum grande arrependimento. A única coisa que senti intensamente foi gratidão.

Não, esse definitivamente não foi um ano fácil. Ele foi repleto de perdas e frustrações – tive desilusões amorosas, profissionais, familiares, em meu círculo de amizades... –, mas eu aprendi e cresci como há muito não fazia.
Parte dessa aprendizagem surgiu do autoconhecimento proporcionado por esses momentos adversos, mas grande parcela dela foi trazida por algo maior que eu. Em alguns momentos, quando pensei que não era mais capaz de seguir em frente, fui pega no colo por alguma força superior e fui consolada. Com a maior tranquilidade do mundo, essa força me ensinou novas maneiras de ver a vida e me deu significado para seguir em frente. Hoje, se eu caio, o tombo não machuca na mesma intensidade e sou amparada por mãos que vivem a me proteger. Chame essa força de Deus, energia cósmica, Krishna, Grande Mãe, Alá... eu prefiro não nomeá-la. Ela só é algo que me trouxe mais paz e que tem me feito imensamente bem

Essa mesma força me ensinou a confiar mais em mim, algo que o tempo havia me forçado a deixar para trás. Percebi que não devo fingir ser algo que não sou para conquistar alguma coisa. Eu sou mais emoção, não preciso fingir que sou razão; sou meiga, não preciso me fingir grossa para ser respeitada; eu me importo, não preciso aparentar que não para parecer mais forte. Essa encenação não trás os resultados esperados. Agindo assim, eu só posterguei um pouco mais a dor que viria a sentir ou mudei o final que poderia ter sido diferente.

Entretanto, o maior ensinamento de meus 23 anos foi que grandes expectativas geram grandes frustrações. E lágrimas, muitas delas. Mas elas também podem te ajudar a descobrir quem realmente está disposto a enfrentar o mundo ao seu lado, seja te dando apoio, um conselho ou um ombro amigo.

Agradeço, 23, por ter me tornado mais mulher e por ter tirado um pouco da minha inocência, mesmo que não tenha sido pelo caminho mais prazeroso. Desejo que aos 24 eu possa continuar aprendendo, mas de uma maneira mais... doce.