Sinto-me presa àquela ilusão do “não ter sentido”. Mas, se não senti, porque tenho a impressão de que foi maravilhoso?
Não foi. Eu sei, você sabe, todos nós sabemos.
Se tivesse sido maravilhoso, não teria havido mentiras. Não teria havido lágrimas no final. E hoje, não haveria incomodo de nenhuma das partes. Seriamos apenas mais um casal que chegou ao fim e suas declarações seriam apenas mais uma demonstração de seu afeto, e não uma justificativa para convencer-me de um recomeço - um recomeço que, no nosso caso, sequer cogitei.
O nosso problema foi o excesso e a falta. Eu me sentia amada como há muito não sentia e não tive tempo para aprender a te amar.
Era confortável: era mimada fazendo o mínimo e você aceitava qualquer migalha como algo grande. Quando eu estava prestes a fugir, você me cobria de amor e eu ficava mais um dia, uma semana. Se eu decidia que não, você lutava pelo sim e se não o conseguia, aceitava que havia perdido. A vencedora era sempre eu... até eu descobrir que jogava sozinha contra uma dupla. E nessa circunstância, eu era a perdedora, já que você aceitava minhas provações para fazer-se feliz e defender a outra jogadora.
Todavia, foi encantador. Foi Caetaneamente encantador, com cores, nuances e uma pitada de escuridão. Pena que, no fim, o inverso se revelou: a realidade era a escuridão e as cores ocupavam somente os pequenos espaços.