quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Para Viver Um Grande Amor, de Vinícius de Moraes

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Fazendo as Malas!

Nessa época do ano é inevitável que uma dor de cabeça a mais apareça para todas as mulheres. Essa dor de cabeça chama-se "fazer as malas". 
É, sempre pensamos no plural. Não é porque a gente vai passar dois diazinhos fora de casa que levaremos apenas uma mala - ou vocês acham que sapatos, roupas, necessarie e acessórios cabem todos no mesmo espaço? Nunca. Precisamos de uma mala e de uma bagagem de mão, no mínimo.

Se a viagem já está programada, a preparação para a arrumação da mala começa um mês antes. Qualquer comprinha boba que fazemos é para a viagem: qualquer vestido, sandália, maquiagem, biquíni e lingerie entram na conta. Mas é entendível, não é? Afinal, NÃO DÁ para ir viajar sem aquele vestido pink flúor ma-ra-vi-lho-so que acabamos de ver na vitrine e que custa 1/4 do nosso salário... e COMO usar um vestido desse sem um acessório incrível? É quase uma força divina intercedendo a favor do nosso cartão de crédito!

Conforme as compras vão crescendo e se amontoando em cima de nosso sofá ou armário, percebemos que a que a parte chata vai se aproximando: precisaremos colocar tudo isso dentro de uma mala. Para tanto, dedicamos um dia todo no fim de semana anterior a viagem para esse processo. Espalhamos todas as compras em cima da cama e escolhemos algumas roupas antigas, quase sempre na proporção 3x1: três roupas para cada dia no local. As três trocas de roupas são justificadas por um simples motivo: somos mulheres!  Algum homem realmente acredita que vamos ficar com uma roupa o dia todo e que, de noite, vamos colocar a roupa que usamos na noite anterior? NUNCA! São poucas as oportunidades que temos de sermos "divas hollywoodianas" e de não repetirmos roupas, por isso, temos que aproveitá-las! 
Após a criação das combinações (esse short com essa blusa; esse vestido com aquela sandália...) e daquele pacto amigo com São Pedro para que suas roupas estejam de acordo com o clima do local naqueles dias, finalmente pegamos a mala.
Tendo em mente aquele pentelho que sempre diz que "não precisamos levar uma mala tããão grande para um fim de semana!" escolhemos uma pequena e finalmente começamos a arrumá-la.
Seguimos alguns simples critérios para colocar o conteúdo na mala: combinação, horário do dia em que a usaremos, cores... até percebermos que não caberá tudo dentro dela. Pegamos uma mala maior e, de repente, tudo o que havíamos separado cabe perfeitamente na mala... e ainda sobra espaço! Podemos colocar algumas roupas para o caso de sermos chamadas para uma festa não programada ou para o caso de encontrarmos uma baranga com o look parecido com o nosso! UHUU! Aproveitamos que temos espaço a mais e deixamos a mala aberta para que, caso lembremos de alguma coisa indispensável, possamos guardar.

No decorrer da semana, vamos tentando deixar "mais ou menos" junto tudo o que precisamos e que usamos no dia a dia: creme para celulite, protetor solar, hidratante corporal, perfumes, escova de cabelo... de modo que fique mais fácil de guardar tudo quando precisarmos ir.

No dia anterior a viagem, fazemos uma lista mental de tudo o que separamos e o que colocamos na mala, para verificar se não estamos esquecendo de nada. Vamos dormir tarde, certas de que pegamos tudo... e madrugamos no dia seguinte para, mais uma vez, fazer a lista mental. Fechamos a mala, pegamos a mala dos sapatos, juntamos todos os itens indispensáveis para o dia a dia, colocamos na necessarie e socamos na mala, e partimos, como deusas, rumo ao nosso destino... para chegarmos lá e descobrimos que São Pedro não cooperou, tá frio para cacete, chovendo pra caralho, não trouxemos nenhuma blusa de frio e ouvir do chato que nos acompanha que "ele avisou que não precisaríamos de uma mala daquele tamanho...".