Sabe, eu ando cansada.
Bem cansada, para falar a verdade.
Toda vez que me perguntam um defeito nas entrevistas, eu sempre falo a mesma coisa: que meu defeito é esperar que todos dêem o melhor de si e como não dão, acabo me decepcionando.
Mas o problema é só meu. Por ser muito boazinha, aquela que todas olham e acham um poço de meiguice, acabo sendo feito de boba. Porque se eu dou 110% de meu ser para quem me importa, não significa que a pessoa tem que fazer isso por mim também... e isso realmente acaba comigo.
Não pergunto onde está a solidariedade, pois não é essa a questão. O ponto é, se sou querida, porque não se dedicar um pouco a mim também? Porque sempre a montanha que tem ir até Maomé e Maomé nunca pode fazer nada?
Eu não falo de romance. Eu falo de todo tipo de relacionamento interpessoal que tenho.
Sou acordada com certa freqüência de madrugada, pois sempre deixo claro para meus amores (subentenda amigos) que, sempre, estarei disponível 30 horas por dia para eles. E ouço choros, e dou conselhos, e seco lágrimas de longe, e teço elogios, e faço-os lembrar do quanto são queridos... e quando eu quem ligo de madrugada, não sou atendida.
Eu empresto dinheiro sempre que precisam. E poucos se lembram de pagar ou sequer de dar uma satisfação. Cobrar eu não cobro, pois acho que se a pessoa tem coragem o bastante para pedir, tem que ter a dignidade para pagar – e por isso, muitas vezes, fico a ver navios.
Eu faço visitas sempre que me pedem, eu busco em casa, eu levo aos lugares que precisam, eu os trago de volta... e ninguém faz isso por mim ou se prontifica a ajudar.
É, eu sou boba.
Eu gosto de ser feita de boba.
Daí, quando eu canso e desço do salto, sou obrigada a ouvir depois – através de outros, óbvio, já que a pessoa não tem a capacidade de falar diretamente a mim - que “Devo um pedido de desculpas.”.
Realmente. Eu devo pedir desculpas a mim mesma por querer agradar sempre e não mandar a pessoa se virar, já que ela não faria o mesmo por mim.
Eu deveria pedir desculpas ao espelho, já que não faço algumas obrigações porque estou ocupada mimando a outro. O outro que me liga só quando precisa de alguma coisa, nunca para só conversar comigo, perguntar como eu estou, o que se passa ou simplesmente para me dar ‘oi’.
Ah, e nisso também está incluído o MSN. Pessoas óvnis que surgem para pedir favores. Será que eu posso te pedir um favor? Vai tomar um pouco de vergonha na cara e não me procure com favores.
Posso contar em uma mão as pessoas que fazem isso por mim. E ainda sobram dedos.
Mas eu vou mudar.
De verdade.
Virou meta de 2008: não ser feita de boba e aprender a dizer não. Esse negócio de morrer de amor e continuar vivendo, não ta mais dando. Quero morrer e que morram de amores por mim e, ai sim, continuar vivendo.
~
Veja bem meu bem: sinto te informar que arranjei alguém pra me confortar.
Este alguém está quando você sai e eu só posso crer,
pois sem ter você, nestes braços tais.
Veja bem amor, onde esta você?
Somos no papel mas não no viver!
Viajar sem mim, me deixar assim...
Tive que arranjar alguém pra passar os dias ruins.
Enquanto isso, navegando eu vou sem paz.
Sem ter um porto, quase morto, sem um cais.
E eu nunca vou te esquecer, amor, mas a solidão deixa o coração neste leva-e-traz.
Veja bem além destes fatos vis.
Saiba: traições são bem mais sutis!
Se eu te troquei não foi por maldade...
amor, veja bem, arranjei alguém chamado saudade.
[Veja Meu Bem, de Maria Rita]